Sobre esse tema, a autora coloca: “Tradicionalmente, a cultura terapêutica favorece a verbalização em detrimento da expressão corporal. Porém, sexualidade e intimidade afetiva são duas línguas distintas. Eu gostaria de colocar de novo o corpo no lugar que lhe é devido nas discussões sobre casais e erotismo. O corpo muitas vezes contém verdades afetivas que as palavras facilmente podem dissimular. As próprias dinâmicas que são uma fonte de conflito numa relação – particularmente as que têm a ver com poder, controle, dependência e vulnerabilidade – muitas vezes tornamse desejáveis quando experimentadas através do corpo e erotizadas. O sexo tornase tanto uma forma de esclarecer conflitos e confusões em torno da intimidade e desejo como uma forma de sanar essas divisões destrutivas. O corpo de cada uma das partes, gravado como está em toda a sua história e os conselhos da cultura, tornase um texto para ser lido por todos nós em conjunto”(p. 16).
Esse trecho do livro confirma o que tenho observado em minha experiência com atendimento a casais: é muito importante pontuar e mediar as discussões dos parceiros numa sessão de terapia, mas quando passei a incluir práticas terapêuticas que envolviam a corporalidade, os casais passaram a ter um compreensão mais instantânea e madura de sua forma de funcionar. Percebi que, na maioria das vezes, a linguagem corporal era mais fácil de ser compreendida do que uma explicação racional, que vinha recheada de rodeios. Com a inclusão do corpo, os parceiros se permitem assumir e aceitar mais facilmente suas formas de comportamento neurótico complementar, seus sentimentos mais profundos de carência, raiva, medo e solidão. Exercícios corporais simples com o casal podem trazer o óbvio da relação, a forma como se comportam no dia a dia. E acessar o óbvio, sem rodeios, faz com que cada parceiro perceba seu papel “disfuncional” na relação, compreendendo e tomando consciência de sua responsabilidade na resolução dos conflitos.
Escrito por Tereza Cristina